Text in english

                                A colônia de pesca Z -13 e o Posto 6 (*)


O Posto 6 está situado no lado sudoeste da praia de Copacabana. Neste canto, além da colônia de pesca, existe
também um quartel do serviço de salvamento, um clube frequentado por caçadores submarinos - o Clube dos
Marimbás, o Forte Copacabana e um hotel 5 estrelas.

O local é muito agradável e o mar é, na grande maioria das vezes, calmo devido à proteção dada pela pedra do
Arpoador. Por ter águas mais tranquilas o local é muito procurado por pessoas com crianças pequenas ou que
tenham algum receio do mar mais agitado e por esta mesma razão foi escolhido por pescadores para morar e
guardar seus barcos em um lugar protegido das ressacas.

O fato de ser no final da praia, de ser um canto arborizado e tranquilo provavelmente fazem do Posto 6 um dos
locais mais aprazíveis e atraentes do bairro. Apesar da agitação, do barulho e do trânsito caótico do bairro de
Copacabana a praia neste local parece isolada de toda esta confusão: é cercada pelo mar, pelas amendoeiras
com suas sombras e pela pedra do Arpoador. A ligação visual com o bairro se dá através de uma extensão de
6 quilômetros de praia, onde os prédios da orla e a Avenida Atlântica parecem pequenos e distantes.

A colônia de pesca Z-13 foi fundada oficialmente em 1923, mas a presença de pescadores naquele canto da
praia de Copacabana é bastante antiga. Uma foto de Marc Ferrez de 1895 já mostrava canoas de pescadores
nas areias da praia neste local.

Os pescadores ficam bem no final da praia no local onde estão as amendoeiras que dão uma sombra muito agra-
dável. Na colônia existe uma pequena loja para venda do pescado com balcão refrigerado mas quando os barcos
chegam do mar, geralmente em torno das 10 horas da manhã, muitas pessoas já compram peixes na praia mesmo
e depois em uma bancada construída ao ar livre debaixo das amendoeiras. As bancadas são todas azulejadas o
que é relativamente recente, porque antigamente eram utilizadas tábuas de madeira apoiadas em caixotes.

As embarcações utilizadas na pesca são canoas de madeira com um pequeno motor, mas já estão sendo
substuídas por barcos de fibra também motorizados. A substituição é uma opção de cada pescador proprietário
de embarcação. Os barcos ao chegar do mar são empurrados na praia ao sair da água até uma posição que os
livre do mar na maré alta e das ondas mais fortes. Para isto são colocados na areia pedaços de madeira, as
estivas, que facilitam o deslocamento do casco na areia.

Atualmente a colônia tem muitos pescadores e nenhum deles mora ali no local de trabalho. No Posto 6 há um
grande movimento de pessoas, frequentadores habituais e eventuais: são banhistas, ginastas, surfistas, caça-
dores submarinos, compradores de peixe, salva-vidas, aposentados, curiosos, turistas, etc. O espaço da colônia
se distingue do bairro de Copacabana não só por estar na praia, mas também pelo ambiente informal onde vários
grupos se reúnem e todos parecem se conhecer.

Muitas pessoas ficam sentadas em bancos que existem na colônia conversando com amigos e até sozinhas
passando o tempo ou, quem sabe, pensando na vida. Estes bancos ficam próximos das bancadas de venda de
peixes em um local que funciona como uma praça onde todos se encontram.

Existe também uma pequena capela em homenagem a São Pedro. Várias pessoas, não só os pescadores, param
em frente à capelinha e fazem uma pequena oração. É interessante notar que são pessoas de todas as idades e
várias classes sociais. Todo dia de São Pedro, 29 de junho, há uma festa na pátio em frente à capelinha quando
é celebrada uma missa. Segundo informações colhidas com pescadores ali já aconteceram até 2 batizados.

Debaixo das amendoeiras ficam estendidas as redes de pesca para secar. Neste local é feito reparo das redes,
um trabalho executado por pessoas de todas as idades, e também a manutenção das embarcações. Por causa
da sombra é criado ali um clima propício para as pessoas se reunirem, conversar, trocar idéias, descansar, olhar
o movimento dos barcos e o mar. A presença do colônia de pesca é mais um atrativo para as pessoas.

Neste espaço fica muita gente conversando, contando histórias e algumas destas pessoas estão inclusive ao
mesmo tempo cuidando da venda dos peixes que vão chegando do mar, pois as bancadas para a venda do pes-
cado ficam também por ali. Assim que os barcos chegam do mar os peixes, que não tenham sido vendidos já nos
barcos, são levados para as bancadas e são postos à venda.

É o local onde também são discutidos os resultados da pesca, a previsão do tempo, do mar e as perspectivas
para as pescarias futuras. Os acontecimentos do dia tanto na colônia quanto na cidade, no país e no resto do
mundo são debatidos naquele espaço que não é frequentado somente pelos pescadores da colônia.

Normalmente todos os dias entre 9 e 10 horas da manhã é armada uma mesa para jogar cartas, sempre no
mesmo lugar debaixo das amendoeiras mais para a direita para quem está de frente para o mar. Os jogadores
vão che gando aos poucos. Alguns aparecem bem cedo e ficam conversando com os pescadores e outras
pessoas até a hora do começo do jogo O jogo vai normalmente até umas 13:00 horas, mas algumas pessoas já
começam a se retirar em torno das 12:00 horas para ir almoçar. Atualmente a mesa de tranca está sendo ar-
mada em um local mais reservado ali mesmo na colônia Z-13.

Em 1991 ainda havia um arrastão na praia de Copacabana jogado pelos pescadores da Z-13. Todos os dias, se
as condições do mar permitissem, a rede era lançada várias vezes e alguns peixes eram trazidos. Hoje isto já
não ocorre porque quantidade e o tamanho dos peixes não justificam mais o trabalho. Peixe agora só lá fora e,
segundo os pescadores, está cada dia mais difícil.




(*) Estas imagens fazem parte de um conjunto de fotografias feitas no ano de 1991 para um
projeto apresentado
no curso "Desenvolvimento de uma linguagem pessoal em fotografia".
O curso foi realizado de Março a Novembro na
EAV - Escola de Artes Visuais do Parque Lage,
na cidade do Rio de Janeiro.